Ferrugem
Solução reduz 50% custo com fungicida contra ferrugem da soja
Agtech criou dispositivo tecnológico que foi selecionado pela Embrapa e por um dos maiores grupos agrícolas do país
A agtech brasileira Doroth desenvolveu uma solução capaz de reduzir em 50% o uso de fungicidas e ainda elevar a eficiência no combate a uma das principais doenças da cultura de soja, a ferrugem-asiática, bem como outros fungos.

Camilla Amaral, CEO da Doroth, conduz testes a campo em grandes grupos agrícolas para lançar a solução comercialmente nesta safra. (foto – Doroth)
Selecionada pelo programa Open Innovation Soja da Embrapa Soja a solução consiste em um dispositivo, o DoT-AR, que capta os esporos fúngicos no ar e comunica sua presença em tempo real.
O equipamento substitui os coletores analógicos tradicionais com mais eficiência, precisão e agilidade por meio da tecnologia. Entre elas, biossensores, “nanochips” para análise do DNA dos esporos, software e website.
Ou seja, o DoT-AR pode identificar os esporos da ferrugem com alta acurácia e informar sobre sua presença de forma autônoma, confiável e praticamente instantânea.
Deste modo, o sistema recomenda a aplicação dos fungicidas apenas quando necessário e, também, prevê a aparição da doença por modelos matemáticos que, frequentemente, só é percebida quando já está alastrada.
“Isso automatiza e antecipa o diagnóstico da ferrugem, o que é fundamental para a eficiência do combate e gera economia de defensivos. O modelo de coletores analógicos tem falsos positivos e exige mais tempo”, explica Camilla Amaral, CEO da Doroth.
Combate e prevenção

DoT-AR reúne biossensores, “nanochips” para análise do DNA dos esporos, software e website. (foto – Doroth)
No caso da ferrugem-asiática, a rapidez no diagnóstico é especialmente importante e principal dificuldade de sojicultores.
O primeiro estágio da doença é silencioso, com sintomas visíveis somente em uma fase avançada da doença. Ou seja, as primeiras manchas amarelas já indicam o contágio de toda a plantação, o que pode gerar perdas de até 60% do plantio.
Por isso, os agricultores usam uma estratégia de prevenção: aplicam fungicida a cada 20 dias, gerando uma média de cinco aplicações em todo o período de safra. O custo médio para cada aplicação por hectare chega a R$ 80. De acordo com a Embrapa, isso provoca um custo médio de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil.
“Nossa solução pode gerar uma economia de até 50% nos gastos da safra de soja por verificar rapidamente a concentração dos esporos no ar e até mesmo prevenir a proliferação do fungo com uso de modelos matemáticos”, acrescenta Camilla.
Zona controlada
A ferrugem-asiática viaja entre os estados brasileiros a uma velocidade de 20 a 30 km por dia. Cada DoT-AR tem uma capacidade de monitoramento de até 50 km, assim, o equipamento comunica com antecedência a chegada de uma nuvem fúngica.
Deste modo, a solução seria aplicável para regiões inteiras nas chamadas zonas controladas, quando produtores vizinhos se unem para combater problemas em comum em suas áreas.
Lançamento
O produto, que já foi testado em uma parceria com a SLC Agrícola, também recebeu fomento do PIPE-FAPESP, para apoio na execução da pesquisa científica e tecnológica.
Desde julho, a agtech vem avançando rapidamente no projeto com apoio da aceleração do Sevna Startups, de Ribeirão Preto. Até o momento, a previsão de lançamento das DoT-AR no mercado visa atender a safra de soja de 2020 para 2021.
AUTOR:
Daniel Azevedo Duarte
Daniel Azevedo Duarte é editor-chefe do AgEvolution do Canal Rural, Mestre em Jornalismo (UCM/USP), MBA em Agro (FGV) e entusiasta da inovação no agro. Também é professor em Comunicação no Agro na PUC de Campinas e correspondente de publicações internacionais sobre o setor.
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