Sensor
Sensor de baixo custo identifica cisticercose bovina em 10 minutos
Desenvolvido pela Unesp, dispositivo evita prejuízos a pecuaristas e risco a consumidores
Pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) desenvolveram o primeiro sensor de baixo custo do mundo capaz de diagnosticar a cisticercose bovina.

Esquema ilustra composição do biossensor patenteado. Imagem: Josy Campanhã Vicentini de Oliveira.
A zoonose causada pela ingestão de ovos do parasita Taenia saginata (solitária) causa prejuízos aos pecuaristas, riscos à saúde da população e as formas tradicionais de diagnósticos, além de demoradas, são imprecisas.
O novo sensor recebeu a concessão de patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
De baixo custo, fácil produção e com resultados que saem em até dez minutos, a tecnologia deve auxiliar profissionais da área veterinária a identificar a doença em seu estágio inicial.
Deste modo, será possível acelerar o tratamento e evitar que a carne bovina esteja contaminada após o abate do animal, o que poderia acarretar grandes prejuízos financeiros.
Pesquisa
O trabalho contou com a participação do professor e diretor do Instituto de Química (IQ) da Unesp, em Araraquara, Sidney José Lima Ribeiro, que coordena o Laboratório de Materiais Fotônicos (LAMF), utilizado durante o desenvolvimento do dispositivo.
Também participaram Josy Campanhã Vicentini de Oliveira, Germano Francisco Biondi e Elenice Deffune, Cáris Maroni Nunes, Silvana de Cássia Paulan, todos da Unesp, Marli Leite de Moraes da Unifesp) e Laís Roncalho de Lima, da UFSCar
O sensor é composto por eletrodos de carbono impressos que possuem em sua superfície camadas de fibroína da seda, uma proteína extraída dos casulos do Bombyx mori (bicho-da-seda) com função de imobilizar um dos anticorpos da cisticercose.
Esse anticorpo, caso entre em contato com o antígeno da doença, gera um sinal elétrico que indica a infecção. Para avaliar a eficácia da plataforma, os cientistas a testaram em amostras de bezerros e bois adultos tanto com diagnóstico positivo como negativo para a doença.
Entre os positivados, a maioria dos animais possuía baixa carga parasitária, justamente para colocar à prova a precisão do sensor. Os resultados obtidos mostraram uma sensibilidade de 83% (porcentagem de acerto das amostras positivas) e uma especificidade de 100% (porcentagem de acerto das amostras negativas).
Métodos tradicionais
O diagnóstico da cisticercose bovina normalmente se baseia na inspeção da carne após o abate do animal, com a realização de cortes em órgãos e em músculos de predileção do parasita, como a língua, coração e diafragma.
No entanto, esse método de avaliação é limitado, já que o Taenia saginata também pode ser encontrado em regiões de difícil acesso do animal. Dessa forma, carcaças contaminadas podem chegar à população que, ao consumi-las de forma crua ou mal cozida, corre o risco de desencadear a doença e contribuir para a manutenção do ciclo do parasita.
Outra desvantagem é que, como consequência do diagnóstico tardio da enfermidade, apenas após o abate do animal, as carcaças já podem estar comprometidas parcial ou totalmente, impossibilitando seu aproveitamento.
Baixo custo
Algumas soluções para a detecção precoce da doença ativa no organismo dos animais têm sido propostas, como o uso do teste ELISA, que pode ser utilizado para identificar o antígeno da cisticercose.
Porém, ele possui diversas desvantagens em relação ao biossensor desenvolvido, pois além de demandar laboratórios equipados para a realização do exame, encarecendo o procedimento, a tecnologia leva um tempo maior para revelar os resultados (algumas horas) e apresenta dificuldades em detectar casos leves da doença.
Comum em países em desenvolvimento, a cisticercose bovina é uma zoonose presente nos rebanhos bovinos de corte do Brasil, onde a infraestrutura sanitária inadequada e as más práticas na criação de gado muitas vezes facilitam a contaminação de pastagem e água com fezes humanas contendo ovos do parasita Taenia saginata.
Os ovos ingeridos pelo boi sofrem a ação de enzimas, liberando as larvas infectantes (oncosferas) que avançam pela circulação sanguínea até chegarem a órgãos e tecidos, onde permanecem sob a forma de cistos.
A patente concedida pelo Inpi aos pesquisadores tem validade de 20 anos, contados a partir do dia 4 de dezembro de 2015, data em que o pedido foi depositado pelos autores da invenção. (com informações da assessoria de imprensa)
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