Robô ´faz-tudo` analisa o solo, planta, irriga, aplica e colhe
Equipamento multifuncional visa reduzir mão de obra, uso de insumos e elevar a produtividade
Por Redação
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Pesquisadores da Universidade de Ghent, na Bélgica, desenvolveram um robômultifuncional capaz de analisar o solo, plantar, irrigar, aplicar defensivos e fertilizantes e colher em diferentes culturas.
O robô é pequeno e leve, o que agride menos o solo do que máquinas pesadas. (foto – UGhent)
O robô “faz-tudo” será apresentado pela primeira vez ao público na Feira Agribex, em dezembro deste ano, e deve estar disponível ao mercado até 2024, segundo informações da equipe.
Segundo os pesquisadores, diante das legislações cada vez mais rígidas para o uso de fertilizantes e defensivos, o setor agrícola está em busca de técnicas sustentáveis que garantam o retorno do agricultor, respeitando o meio ambiente.
O robô multifuncional visa uma resposta para isso. Da análise do solo à irrigação: tudo acontece de forma totalmente automática. O robô é pequeno e leve, o que agride menos o solo do que máquinas pesadas.
Ele pode trabalhar o solo de várias maneiras e também semear, fertilizar e regar o campo, na quantidade certa no lugar certo. Ele faz as aplicações automaticamente e em taxas variáveis, segundo a necessidade de cada área.
Os próprios pesquisadores desenvolveram o software, assim como a integração do robô com os implementos: uma colheitadeira, uma semeadora, uma fertilizadora e um pulverizador.
“Os robôs agrícolas já existem, mas até agora trabalham no campo sem levar em conta a variabilidade espacial: as diferenças de cada área. Aplicamos nosso conhecimento de agricultura de precisão a um robô agrícola”, explica o Prof. Dr. Abdul Mouazen da Faculdade de Engenharia de Biociências.
Segundo ele, o equipamento faz a amostragem do campo em tempo real e o processa em uma base específica do local antes de tomar a decisão sobre qual atividade, como, quanto e em que medida realizar. “Isso traz grandes benefícios para o agricultor e para o meio ambiente”, diz.
Robô
Vários testes na Bélgica, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Turquia mostram que a tecnologia tem muito potencial.
“Em comparação com a aplicação de nitrogênio em área total, nossa tecnologia economiza ao agricultor cerca de 50 euros (mais de R$ 300) por hectare. Isso é o dobro das técnicas de diferenciação existentes na agricultura”, diz o Prof. Mouazen.
Na produção de batata , a taxa de semente variável baseada em sensores aumenta a lucratividade em 10%: números nada ruins para uma safra que luta com verões secos ou muito chuvosos, como este ano.
Os pesquisadores calcularam que a fertilização específica do local resulta em pelo menos 19% menos nitrogênio no caso do fertilizante artificial. No caso do adubo orgânico, isso rende 4% menos nitrogênio e 7% menos fósforo.
“A base do robô é a empresa Agrointelli. Vamos refinar ainda mais a tecnologia e tentar torná-la aplicável comercialmente. Esperamos que o robô com nossa tecnologia possa ser usado em campo dentro de três anos”, acrescenta.