Projeto cria agricultores ciborgues e drones ´humanizados`
Grupo liderado por português visa mesclar homem e máquinas
Por Daniel Azevedo Duarte
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Um grupo de pesquisadores da Universidade de Wageningen, na Holanda, visa superar barreiras da interação entre seres humanos e máquinas na agricultura e atribuir “superpoderes” aos agricultores.
Projeto visa estender capacidades dos agricultores integrando homem e máquinas. (foto – João Valente)
O Laboratório de Drones Sociais (Said Lab, do Grupo de Tecnologia da Informação), liderado pelo português e professor João Valente, desenvolve “agricultores ciborgues” e “drones humanizados” a fim de ampliar a capacidade humana com objetivo de alimentar até 10 bilhões em 2050 de forma sustentável.
A magnitude deste desafio, segundo o pesquisador, exigiria agricultores com “superpoderes” e é isso mesmo que eles estão buscando. Em entrevista ao AgEvolution, João explicou a proposta do trabalho.
“A agricultura ainda depende muito do trabalho manual dos agricultores. E toda essa experiência ainda está longe de ser transferida às máquinas e aos robôs. Mas imagine se pudéssemos criar o gêmeo digital de um agricultor com todo este conhecimento?”, pergunta.
Para o professor, o design, os dados, a robótica e a Inteligência Artificial (IA) podem ser combinados e trazer ótimos resultados no combate à crise global de alimentos.
“Um gêmeo digital de um agricultor pode ser incorporado em qualquer sistema de robôs, por exemplo, um drone ou um sistema de detecção de transmissão humana. E poderia melhorar significativamente as práticas de manejo agrícola, incluindo uma avaliação de safra mais rápida e precisa”, conta.
Segundo ele, deste modo, o processo de tomada de decisão poderia ser mais eficiente, evitando o desperdício de alimentos e aumentando a qualidade e o rendimento das lavouras de forma sustentável.
Ciborgues
Capacete funciona como uma central de comando por meio de sensores, IA e conectividade. (foto – João Valente)
E os agricultores ciborgues já são possíveis graças a uma ferramenta única e inovadora que pode ser usado por qualquer produtor: um “capacete de comando”. O dispositivo captura todos os movimentos e visão do agricultor ao executar tarefas agrícolas.
Os dados do sensor são registrados e permitem a construção de um gêmeo digital a partir do sistema cognitivo do fazendeiro usando abordagens avançadas de inteligência artificial. O gêmeo digital, também chamado “digital twin”, é uma “cópia virtual” do próprio agricultor ou seus equipamentos.
“O projeto visa projetar objetos pessoais que resultam em algo meio humano e meio máquina, os ciborgues. Com isso, os produtores adquirem superpoderes como aumentar a capacidade cognitiva, interagir mais rapidamente com outras máquinas ou realizar tarefas complexas”, detalha.
Drones sociais
A tecnologia de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs ou drones) hoje é uma das ferramentas de monitoramento mais eficientes para a agricultura e conservação da natureza. No entanto, a tecnologia ainda é muito complexa para usuários não especialistas.
Pois o Laboratório de Drones Inteligentes Artificiais Sociais (SAID) também visa resolver este problema ao potencializar a interação entre as pessoas e os drones por meio de IA.
“Nossa missão é traduzir dados brutos de UAV em informações que podem ser compreendidas por todos com IA e Internet das Coisas (IoT), desenvolver sensores múltiplos, alavancar a simbiose multi-robô, entre outras”, cita.
Veja também o episódio AgEvolution “Como será o agro do futuro?’: