Por que o agro digital é uma revolução?
O Agro 4.0 será tão impactante quanto a agricultura "intencional" há 10 mil anos, a semeadeira mecânica no século XVI ou o maquinário à combustão, fertilizantes e agroquímicos no século XX.
A inovação no agronegócio é um assunto cada vez mais comum. Você já deve ter ouvido falar. Se não, já não é sem tempo, pois o chamado Agro Digital ou Agro 4.0 estará cada vez mais em pauta e gerando valor nas fazendas.
É consenso que misturar bytes e bois, apps e plantas, sensores e natureza, entre outras, é um caminho necessário para fazer frente a desafios como produzir até 70% mais alimentos globalmente até 2050 com menos recursos ambientais. Cerca de 40% deste volume extra deve vir do Brasil e temos apenas 30 safras para isso.
A 4ª revolução do agro já está entre nós e será tão ou mais impactante que as três anteriores. E elas introduziram, nada mais nada menos, que a agricultura “intencional” há 10 mil anos, a semeadeira mecânica no século XVI ou o maquinário à combustão, fertilizantes e agroquímicos no século XX.
Ok, tudo bem, mas até ai seria mais uma importante evolução tecnológica. Por que, então, revolução? Segundo pensadores e especialistas, o impacto do Agro 4.0 irá muito além da maneira de produzir.
Para se ter ideia, a humanidade terá mais invenções nas próximas décadas que nos últimos 10 mil anos e hoje gera mais dados por mês que em todo o século passado!
O que seu rebanho ou plantação têm a ver com isso? Tudo. O potencial digital não só tornará a produção mais próxima da “perfeição” (lucro e sustentabilidade), mas mudará completamente a relação entre produtores e sociedade.
Não adianta negar: a atividade é hoje muito mais complexa. O consumidor final exige sustentabilidade, qualidade e preço e, também, já pode “fiscalizar” o que ocorre nas fazendas por satélite.
Muitos empreendedores do campo, geralmente os melhores, percebem esta tendência que ecoa como um berrante alertando a boiada. O digital vai conectar o campo e a cidade em aspectos, além de técnicos, também sociais e culturais.
Além dos consumidores com olhos de “big brother” sobre a produção, outro exemplo desta “integração’ vem de dentro das fazendas. As novas soluções já não chegam apenas de produtores, agrônomos, veterinários, zootecnistas, biólogos ou grandes empresas.
Agora, algumas das mais relevantes são de jovens urbanos, cientistas de dados, engenheiros da computação e programadores. As “startups”, ou empresas recém-criadas e focadas em inovação, são protagonistas neste processo.
Este pessoal vê o mundo de maneira diferente. A fazenda não vai virar um encontro de jovens urbanos, mas estes “mundos” do campo e da cidade estarão cada vez mais próximos. Assim como os consumidores formadores de opinião. Isso muda tudo e é uma enorme oportunidade para quem está atento.
Os jovens (e muitos nem tão jovens assim) não querem só dinheiro, mas também ideal; eles não querem só comida, mas sustentabilidade; eles não valorizam a tradição por si só, mas o que eles admiram. São os millennials (Y), Z e virão os alpha.
E assim, vão transformar também a produção, o comércio, as preferências, as relações profissionais e humanas… São profundas mudanças técnicas, culturais e sociais que ninguém sabe exatamente onde vão parar. Por isso, vivemos um processo de revolução.
Estamos quase na terceira década do Século XXI, o que poderíamos esperar?
No aspecto técnico, a inovação não tem contraindicação, parece não ter limite e, também, não é complicada. Você tem um aparelho celular? Então usa buscas ao invés de lista telefônica, confere o banco sem ir ao caixa, dirige com mapa que narra o percurso, troca mensagens instantâneas, vê previsão climática quando quer…
Pois, o primeiro passo do Agro Digital é mais ou menos a mesma coisa. Ou seja, adotar um software para “digitalizar” a gestão (custo, faturamento, lucro, rastreabilidade, RH) e medir o desempenho da produção a fim melhorar. Afinal, o que não se mensura, não se aprimora. Caderneta? Contar boi no olho?
A partir daí, oportunidades incríveis surgirão. Realmente há muita coisa pronta. Trator que economiza 95% o uso de defensivos, drone capaz de ver um percevejo na lavoura de soja, software que prediz a produtividade, aplicativo que cruza dados de frigoríficos e pecuaristas para definir a hora do abate…
E vai além… Hoje, já existem protótipos de fazendas 100% robotizadas onde o humano não precisa entrar, máquinas que criam nuvens e literalmente fazem chover ou, mesmo, fazendas verticais onde luzes led substituem o sol.
Não, não é “futurismo” o que sugiro a você. Isso não faz sentido para a maioria das fazendas. Meu alerta é que já há centenas de inovações acessíveis em preço e usabilidade para resolver ou mitigar “dores” reais. Muitos produtores já se beneficiam delas. Veja algumas aqui.
Você está convidado a acompanhar este universo também. No AgEvolution, o novo agro conversa com você.
Mais sobre:
AUTOR:
Daniel Azevedo Duarte
Daniel Azevedo Duarte é editor-chefe do AgEvolution do Canal Rural, Mestre em Jornalismo (UCM/USP), MBA em Agro (FGV) e entusiasta da inovação no agro. Também é professor em Comunicação no Agro na PUC de Campinas e correspondente de publicações internacionais sobre o setor.
Assine nossa Newsletter
Cadastra-se no Ag Evolution e conheças as principais empresas de tecnologia do mundo Agro