Startup
Nanossensor monitora amadurecimento de frutas
Yva eleva a gestão da qualidade, reduz desperdício e agrega valor a produtores e consumidores
Um sensor de baixo custo com nanotecnologia e inteligência artificial é a novidade desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP), no projeto de inovação aberta desenvolvido com a Siena Company.

Pesquisa ocorreu em modelo de inovação aberta com Embrapa e iniciativa privada. (Foto – Gabrielle Araújo)
Os testes foram feitos com manga, mamão e banana, mas o sensor pode ser aplicado em várias outras frutas para rastrear e monitorar o grau de maturação das frutas após colheita.
O sensor colorimétrico denominado Yva (fruta, em tupi-guarani) é similar a uma etiqueta QR Code, o que permite ser analisado por qualquer câmera de celular. Trata-se de um sistema de codificação de informações por meio de imagens, similar a uma etiqueta de identificação, que serve para a organização de conteúdos na web.
O Yva é descartável e deverá chegar ao mercado com custo estimado entre 8 e 10 centavos de real por quilo de fruta. Ele detecta a liberação do etileno – hormônio natural no amadurecimento de frutos – que, ao reagir com nanopartículas em pó, vai mudando de cor, conforme o fruto amadurece.
A mudança é interpretada por meio de um aplicativo de celular, que, entre outras funcionalidades, indica quando o fruto deverá estar maduro e adequado para o consumo.
O nanossensor pode ser acondicionado dentro de embalagens plásticas ou em caixas de frutas, é destinado a vários segmentos de mercado, entre eles, produtores e processadores de frutas, atacadistas e varejistas, associações, cooperativas e empresas exportadoras.
A versatilidade da tecnologia permite diversas aplicações, entre elas, a de monitorar a qualidade desde a colheita até chegar ao consumidor.
Também será capaz de auxiliar a gestão dos estoques de frutos, seguindo a metodologia de estocagem utilizada com perecíveis na qual a ordem de saída obedece às datas de expiração de cada produto.
Ela é conhecida pela sigla em inglês como FEFO (first expire, first out). A nova tecnologia deverá aprimorar a eficiência do sistema e reduzir perdas de alimentos.
Rastreabilidade
O Yva também pode auxiliar o cumprimento da Instrução Normativa Conjunta nº 2, de fevereiro de 2018. Emitida pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que define procedimentos de rastreamento de frutas, legumes e verduras (FLV).
Esse documento determina o registro de informações sobre esses alimentos nos estabelecimentos que participam da cadeia produtiva, desde o agricultor até o varejo. Esse protocolo de rastreamento já começou para alguns produtos e será ampliado em agosto deste ano, de acordo com a tabela abaixo. A nova tecnologia é uma ferramenta barata e útil para agilizar esse trabalho e, ao mesmo tempo monitorar, a qualidade e o estágio de maturação de cada fruta.
Menos perdas e desperdício de alimentos
O sensor Yva foi desenvolvido com foco na redução de perdas e desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva. O Brasil chega a perder 26 milhões de toneladas por ano, quantidade suficiente para alimentar 13 milhões de pessoas.

Sensores identificam presença de etileno em escala nanométrica para determinar amadurecimento das frutas. (Foto – Gabrielle Araújo)
“Novos materiais foram extensivamente testados até que fosse obtida a combinação mais adequada que demonstrasse mudanças de cor do nanossensor na presença do etileno, tanto em ensaios in vitro como in vivo, e sua possível aplicabilidade em diferentes frutas e sistemas”, explica o pesquisador da Embrapa Daniel Corrêa.
“A tecnologia tem potencial para ser aplicada a diversos frutos climatéricos como pêssego, caqui, ameixa, maracujá, entre outros, mas na avaliação utilizamos manga, mamão e banana, que demonstraram a eficiência do sensor, que pode ser produzido, de forma customizada, conforme a necessidade do usuário”, acrescenta o pesquisador Marcos David Ferreira, também da Embrapa.
Especializada em desenvolvimento de software, a Siena Company possui um Centro de Operações de Tecnologia, em Campinas (SP), e um Estúdio de Inovação, em São Carlos, que deram suporte ao desenvolvimento do aplicativo.
“O que foi feito até o momento é a chamada prova de conceito da tecnologia. Agora, o desafio é o escalonamento e o processo de manufatura do sensor, para isso precisamos captar recursos na ordem de R$ 700 a R$ 800 mil, a fim de que a tecnologia possa chegar efetivamento ao mercado”, detalha Ana Elisa Siena, diretora da Siena Company.
Desafios que o Yva responde:
- Gerenciamento de qualidade – a gestão de qualidade e rastreabilidade é ineficiente; apesar do avanço da era digital, muitos ainda contam com controles em cadernetas de papel;
- Identificação do ponto ótimo da fruta – existem inúmeras dificuldades para identificar o ponto ótimo de colheita ou processamento, entre elas, a lentidão do processo de digitalização de dados
- Alto risco de erro humano – como a cadeia produtiva ainda conta intensamente com o esforço humano (processo 100% visual), os dados estão sujeitos a inúmeros erros, perdas e lentidão.
O nanossensor Yva será apresentado, pela primeira vez, no estande da Embrapa na Anufood Brazil, feira internacional do setor de alimentos e bebidas. A feira de negócios será realizada entre os dias 9 e 11 de março de 2020, das 10h às 19h, no São Paulo Expo, em São Paulo.
(com informações da Embrapa Instrumentação)
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