Duas estadunidenses produziram leite humano a partir de células femininas ou masculinas com auxílio de um biorreator. O objetivo é competir no mercado de produtos para crianças e, até mesmo, estimular o consumo entre adultos.

Biomilq visa atender 84% das mães que precisam substituir leite materno de bebês antes de seis meses. (Foto – Biomilq)

“Pode não parecer inovador, mas duas mulheres podem ter feito leite materno esta semana. Uma bióloga celular e uma cientista de alimentos”, diz a postagem de Michelle Egger e Leila Strickland.

Elas são fundadoras da foodtech Biomilq, uma empresa de biotecnologia que busca otimizar o leite humano cultivando-o em um biorreator ao invés de um seio. A startup, inclusive, recebeu um aporte superior a R$ 18 milhões neste ano para desenvolver o projeto.

“Os resultados de nossos testes de conceito confirmam que as amostras contêm caseína e lactose, a proteína predominante, e componentes de açúcar encontrados no leite materno”, diz Michelle.

O leite materno contém milhares de moléculas únicas combinadas em proporções perfeitas para nutrir um ser humano durante estágios cruciais de desenvolvimento.

“As células mamárias humanas são mais bem equipadas para criar leite humano pois vêm produzindo leite há milhões de anos. Mas somos a primeira empresa a produzir componentes vitais do leite humano, usando um processo estéril do início ao fim e livre de qualquer contaminação”, completa.

Mas por que produzir leite humano em laboratório? Segundo as fundadoras da Biomilq, a amamentação materna é impossível para muitas mães e, por isso, 84% das mães fazem a transição para a fórmula infantil láctea antes do período recomendado de exclusividade de seis meses.

“Os motivos são desde baixa produção de leite, locais de trabalho incompatíveis ou o estigma contínuo em torno da amamentação em público. Por isso, as famílias usam a fórmula infantil por necessidade, e não por preferência. Propomos uma opção que não force uma troca entre a nutrição dos bebês e garanta o bem-estar das mães”, afirma.

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Leite paterno ou leite humano para adultos

A indústria de fórmulas infantis e para bebês oferece preços mais altos do que outros produtos lácteos, como leite ou creme. Por isso, a Biomilq está procurando entrar na linha de personalização. Até o ponto em que os pais podem produzir leite para seus filhos.

“Poderíamos produzir leite masculino também”, disse Egger, que é CEO da Biomilq e ex-cientista de alimentos da General Mills. Egger acrescentou que a tecnologia de sua empresa poderia um dia ajudar qualquer pessoa a “superar suas limitações físicas ou de gênero”.

Além disso, os produtos não seriam necessariamente limitados a bebês e poderiam ser importantes para adultos com baixa imunidade. Inclusive, disse Michelle, os grandes benefícios nutricionais de uma dieta com leite materno criaram até um mercado negro de leite materno. (fonte: AgFunders e Biomilq)