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Nanotecnologia

Nova molécula abre caminho para cultivo no inverno do hemisfério norte

Invenção transformaria o agronegócio mundial ao permitir “segunda safra” a americanos e europeus

O cultivo de commodities a baixas temperaturas pode se tornar possível graças a uma descoberta da Universidade de Amsterdã que permitiria às lavouras bom desempenho mesmo no inverno do hemisfério norte.

Um grupo de pesquisadores holandeses criou um novo tipo de molécula capaz de elevar a temperatura das plantas. Em testes de laboratório, o efeito do aquecimento molecular permitiu, por agora, aumentar a temperatura das folhas em mais de um grau Celsius.

Deste modo, os cientistas argumentam que a descoberta é o primeiro passo para aumentar muito a produção de alimentos e biomassa na Europa, América do Norte e outras regiões frias do globo.

Para se ter ideia do impacto caso a técnica se mostre eficiente, uma das principais vantagens competitivas do Brasil é ter até três safras de grãos ao ano devido ao clima.

Os pesquisadores também viram que a aplicação das moléculas “quentes”, já patenteadas, gera aumento da biomassa. “Isso pode estender a estação de cultivo, aumentar a disponibilidade de terras agrícolas e acelerar os programas de melhoramento para novas variedades de culturas”, diz o estudo.

A solução molecular foi desenvolvida pelos cientistas Wybren Jan Buma do grupo Molecular Photonics (Instituto Van’t Hoff para Ciências Moleculares) e Teun Munnik do grupo Plant Cell Biology (Swammerdam Institute for Life Sciences). Eles colaboraram com pesquisadores das universidades de Warwick e Bristol.

“Protetores solares”

Os cientistas comparam a ação da invenção com a dos protetores solares, comumente usados pelas pessoas para proteção da pele. No caso da molécula “quente”, elas absorvem a luz ultravioleta e convertem essa energia em vibrações. Desta forma, a luz nociva é convertida em calor.

Tais moléculas desenvolvidas pela pesquisa também ocorrem naturalmente em diversas espécies, já que as plantas também produzem moléculas para se protegerem contra a radiação ultravioleta do sol.

Testes a campo

As moléculas “quentes” são mais exploradas no projeto europeu ‘Boostcrop’, que é financiado com cerca de 5 milhões de euros do programa ‘Future and Emerging Technologies’ da UE (União Europeia).

Nesta pesquisa, pequenos testes de campo são realizados e a segurança da invenção é mapeada. A longo prazo, os pesquisadores preveem que os aquecedores moleculares serão aplicados às lavouras usando um pulverizador.

Deste modo, os aquecedores moleculares podem aumentar a produção agrícola em todo o mundo. Se as safras podem crescer em temperaturas ambientes mais baixas, elas podem ser cultivadas em altitudes mais elevadas e mais perto dos polos norte e sul.

“A estação de crescimento também pode ser estendida e as plantas se desenvolverão mais rapidamente”, completam. Com objetivo de validar a tecnologia em outras áreas do planeta, os holandeses buscam parceiros para desenvolver novas aplicações.

O Brasil também está na fronteira da pesquisa em escala molecular e em nanotecnologia com foco na agricultura. Fizemos dois boletins sobre o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) que mostram um pouco destas possiblidades. Confira:

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