Embrapa pesquisa nutrição nanométrica para bovinos
Inovações podem gerar outro nível de eficiência e reduzir emissões de metano
Por Redação
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Um grupo de pesquisadores da Embrapa Gado de Corte está unindo em uma mesma pesquisa diferentes tecnologias para desenvolver aditivos nutricionais capazes de elevar a performance e a sustentabilidade da bovinos de corte e leite.
A pesquisa integra ferramentas de nanotecnologia, meta-ômicas (metagenômica, metatranscriptômica e metabolômica), bioquímica e nutrição animal para o desenvolvimento de novos aditivos com eficiência e resultados em “outro nível” a fim de substituir antibióticos.
Há anos, os antibióticos são uma solução para o aumento da eficiência alimentar e da saúde animal, mas, recentemente, o mercado consumidor exige alternativas por conta da resistência bacteriana. Desde então, a pesquisa se debruça na busca por novos aditivos para a alimentação bovina.
As pesquisadoras Marlene de Barros Coelho e Fabiane Siqueira, da Embrapa em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, apostam que a integração de diversas tecnologias pode ser a solução para mais produtividade, bem como para redução do tempo a campo e da produção de metano (CH4) por quilo de carne.
Siqueira e Coelho comentam que novos aditivos podem ser utilizados para alterar os parâmetros de fermentação ruminal e modular o metabolismo dos bovinos, de forma mais eficiente na conversão alimentar, e levar o conhecimento em nutrição animal para outro patamar.
Entre as possibilidades, está um aditivo que é eficiente para desestimular a produção de hidrogênio dentro do rúmen devido ao processo de fermentação ruminal. Esse hidrogênio é justamente o precursor para a produção de metano.
“Quanto mais hidrogênio temos ali no meio, mais metano será produzido. Então uma das estratégias é buscar aditivos que interfiram na produção de hidrogênio no rúmen animal”, detalha a especialista em genômica Fabiane Siqueira.
Outra perspectiva é inibir o crescimento de microorganismos metanogênicos, que produzem metano. “Se conseguirmos reduzir a população desses microorganismos é possível diminuir a produção de CH4”, explica Siqueira. Também é possível vislumbrar a produção de enzimas que melhorem a digestibilidade das forragens, da dieta.
Ciência
A metagenômica é uma abordagem que permite estudar, simultaneamente, os genomas de todos os microorganismos que habitam um nicho ecológico (como o ambiente ruminal), sem a necessidade de realizar culturas individuais. Os metagenomas são obtidos por meio de sequenciamento de nova geração mais análise computacionais robustas.
Já a nanotecnologia lida com o desenvolvimento de tecnologias em escala nanométrica (objetos < 10-9m) e as nanopartículas são facilmente transportadas, absorvidas pelo trato gastrointestinal e utilizadas pelos animais.
O desenvolvimento de nanopartículas minerais são soluções que as pesquisadoras apostam mais a médio prazo e trazem efeitos significativos, com eficiência maior a custo menor, sem deixar resíduos nos produtos finais – leite e carne.
Impacto
De olho no rebanho bovino brasileiro, com 214 milhões de cabeças, produzindo mais de 10 milhões de toneladas de carne com, aproximadamente, R$ 13 milhões de reais do custo total de produção associados à nutrição (ABIEC, 2020), as especialistas
“Os gastos com a nutrição estão entre 50 e 60% do custo total. O desempenho animal reflete no manejo nutricional. O desafio é aumentar a oferta do produto (carne), em quantidade e qualidade, produzindo mais em menor tempo, com qualidade e respeitando o meio ambiente”, afirma Coelho, pesquisadora em nanotecnologia.
A pressão aumenta com um cenário mundial para 2050, no qual a população chega a 9,7 bilhões, o que exigirá um aumento de 76% na produção mundial de carne e 63% de leite. (com informações da assessoria de imprensa)