Embrapa descobre gene capaz de produzir abacate sem caroço

A redução ou até eliminação da semente trará maior facilidade no consumo do fruto, além de redução de gastos com transporte e processamento industrial

13 de fevereiro de 2019 14h37

Por Redação

Você já ouviu falar das uvas e melancias sem sementes, certo? Mas e abacate sem caroço?

Pesquisas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa (Embrapa) estão levando cientistas para este caminho, com um processo inovador em relação ao que é empregado no desenvolvimento genético de outros produtos.

Fomos até Brasília conversar com o pesquisador Francisco Aragão, que nos contou como o Brasil está próximo de oferecer um método genético capaz de suprimir as sementes sem depender de anos de cruzamento genético. Segundo ele, o estudo começou de forma inesperada. “Tínhamos o objetivo de gerar sementes sem ácido fítico, que é um fator antinutricional que está presente nela. Nós queríamos tornar as sementes nutricionalmente melhores, que poderiam ser aproveitadas em rações animais e até para consumo humano”, disse.

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Neste processo, no entanto, os pesquisadores descobriram que um gene era capaz de suprimir as sementes dos frutos. O primeiro experimento foi feito com soja, o segundo com tomates e, atualmente, os pesquisadores estudam o resultado em abacates.

“O programa de melhoramento pode levar mais de uma década para trazer essa característica, mas, com essa técnica genética, podemos gerar plantas cujo fruto não terá o caroço. Como o abacate é exportado em larga escala e o caroço é uma parte considerável do produto, podemos enxergar uma maior produtividade e redução de gastos com o transporte de uma parte que seriam descartadas”.

Segundo o pesquisador, já existem abacates sem sementes na natureza, mas eles fazem parte de uma anomalia, que produz frutos pequenos e sem sabor. “Nosso objetivo é que possamos ter frutos de tamanho e sabor normal, apenas com a alteração do caroço, que deverá ser muito pequeno, do tamanho de uma bola de gude ou até menor”, contou.

A redução ou até eliminação da semente trará maior facilidade no consumo do fruto, além de redução de gastos com transporte e retirada do caroço dentro do processo industrial.

Mas, para que isso se torne realidade, a Embrapa precisa de investimentos para avançar. Até agora, já foram feitos experimentos com a soja e tomate. “Precisamos desse recurso, de preferência do setor privado, para que possamos avançar em outros frutos, como o abacate”.