Cuidado! Seu trator pode ser controlado por um hacker

Este foi um dos alertas ouvidos no Digital Agro, evento que apresentou e debateu novas tecnologias em Carambeí (PR).

Por Daniel Azevedo Duarte

Em meio a um dos maiores museus a céu aberto do Brasil, com mais de 10 hectares, o Parque Histórico de Carambeí (PR) recebeu nesta semana o Digital Agro, evento em sua segunda edição que reuniu startups do agro, produtores e técnicos. Realizada pela Cooperativa Frisia (www.frisia.coop.br), a feira foi concebida com o objetivo de debater e apresentar as novas tecnologias disponíveis e em desenvolvimento para o setor. Ali estavam presentes mais de 30 empresas expositoras.


Parque histórico de Carambeí (PR), paisagem europeia

O formato da feira contemplou palestras, workshops, demonstrações de campo e painéis de apresentação de soluções inovadoras de startups. No já disseminado formato de pitchs, circularam empresas em diversas fases de desenvolvimento e com variadas soluções para agricultores e pecuaristas.


Miniauditório lotado onde 20 startups apresentaram suas soluções

O espaço principal de palestras reuniu uma grande quantidade de produtores rurais da região. Vários especialistas em tecnologia reforçaram o momento de mudanças que estamos vivendo e o impacto previsto nas cadeias do agro.

Já vimos muita gente falando do processo de automação de máquinas, equipamentos e sensores usados nas lavouras, mas um enfoque novo que me chamou a atenção foi o tema segurança de dados. Com a profusão do uso dessas ferramentas e tecnologias, abre-se a possibilidade de ataques de hackers e invasores desses sistemas. Imagine o caso de invasores instalarem vírus ou programas maliciosos e provocarem a parada ou mau funcionamento de tratores ou colheitadeiras durante o plantio ou colheita. Já existem casos reportados de ataques nos Estados Unidos, onde hackers assumiram o controle de máquinas durante o processo de colheita, exigindo resgate em moeda virtual. Uma ameaça real.

Também importante e muito discutido foi o tema relativo ao perfil da mão de obra que deveremos ter para atuar em um ambiente digital. No modelo que temos hoje as pessoas envolvidas na produção estão alinhadas ao cumprimento de tarefas, processos e operações bem definidas. Na medida em que haja a evolução da automação e uso de ferramentas digitais, com sensores gerando dados e a inteligência artificial processando esses dados e definindo atividades, a mão de obra não deixará de ser necessária, mas deverá ter um perfil diferente. Os profissionais deverão estar muito mais orientados ao entendimento de conceitos, deverão ser mais criativos, curiosos, com perfil mais aberto a soluções inovadoras, e ter condição de transitar em ciências diversas. Portanto nos próximos anos teremos de colocar na agenda uma reavaliação e preparação desta mão de obra para encarar este mundo novo.

Outro tema recorrente foi a intensificação da relação e maior aproximação entre produtores e fornecedores de insumos e serviços. Na medida em que a troca de dados e informações passa a ter uma frequência maior, e estamos falando de dados sensíveis sobre o uso e performance de insumos, máquinas e equipamentos, esta relação pressupõe uma dose bem maior de confiança e comprometimento entre as partes. Certamente estaremos vendo uma atuação mais comprometida, fiel e duradoura. Se por um lado esse novo modelo de relação proporciona um melhor planejamento e comprometimento de ambas as partes, fica ainda mais sensível o processo de seleção de fornecedores.

Eventos como o Digital Agro, que aproximam produtores e técnicos com os novos conceitos da agricultura digital, estão cada vez mais atraindo a atenção e investimento de empresas e entidades. E, pelo sucesso desta edição, segundo os organizadores, deveremos ver o crescimento e boas novidades no próximo ano. Vamos acompanhar!

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