Como a tecnologia CRISPR pode mudar a maneira como os americanos comem
Edição genética já é usada por empresas e startups do mundo inteiro
Há alguns anos, a capacidade de produzir mudanças genéticas drásticas, como alfaces capazes de suportar climas mais quentes, seria considerada ficção científica. Hoje, a realidade é outra por conta da edição genética, especialmente a ferramenta conhecida como Crispr-Cas9, que facilitou a capacidade de pesquisadores de alterar os genes de animais e plantas.
De acordo com uma reportagem do jornal inglês The Guardian, os primeiros produtos alterados pela tecnologia Crispr chegarão aos mercados americanos ainda neste ano, e em breve as prateleiras dos supermercados estarão repletas de grãos, carnes e outros alimentos editados geneticamente. Isso porque nos Estados Unidos o Departamento de Agricultura (USDA) já afirmou que não vai regular safras cujas alterações genéticas poderiam ter sido produzidas com o cruzamento tradicional. A decisão representa uma enorme mudança e pode alterar drasticamente os hábitos alimentares do país.
Na Europa, a situação é bem diferente. De acordo com a justiça europeia, esses produtos serão considerados transgênicos e estarão sujeitos a diversas regras, incluindo análises laboratoriais e avisos específicos nas embalagens.
Ainda recente, a edição permite cortes precisos no genoma, alterando características de genes, apagando elementos específicos ou inserindo novas funcionalidades em plantas. Embora ainda não seja 100% eficaz, é muito mais confiável que tecnologias anteriores. A grande vantagem da técnica consiste na manipulação de um único genoma, sem a inserção de elementos externos. Com isso, é possível, por exemplo, reduzir a necessidade do uso de defensivos.
Mas pesquisadores já expressaram preocupações com o uso indiscriminado do Crispr. Erros na edição podem eliminar sinais importantes em alimentos, como a casca verde das batatas, responsável por indicar a liberação de toxinas. Como o resultado da edição genética também pode ser patenteado, especialistas temem que pequenos agricultores tenham que pagar ainda mais para usar determinadas sementes.
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