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CNPEM e GlobalYeast pesquisam fermentação “inteligente”

Vanguarda de pesquisa em bioenergia pode elevar produção de etanol em 1 bilhão de litros no país

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a startup GlobalYeast fecharam um acordo para o desenvolvimento de novas tecnologias para processos fermentativos “inteligentes”.

Cromatografo Gasoso é um dos equipamentos utilizados na pesquisa. (Foto: Assessoria CNPEM)

Localizado em Campinas (SP), o CNPEM é resultado de um dos maiores investimentos públicos recentes em ciência e tecnologia no País e está ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC).

A unidade possui quatro laboratórios de referência mundial pela vanguarda tecnológica que estão abertos à comunidade científica e empresarial. Entre eles, o Sirius e seu acelerador de elétrons para pesquisa de materiais em nível subatômico. No mundo, apenas a Suécia possui um laboratório com recursos similares.

O foco da parceria entre CNPEM e a agtech é o melhoramento da performance de sistemas computadorizados capazes de modernizar e ampliar a capacidade produtiva da indústria de combustíveis vegetais e bioprodutos.

Fundada em 2015, a GlobalYeast é uma startup de biotecnologia belgo-brasileira que desenvolve e comercializa soluções de indústria 4.0 por meio de gerenciamento automático de processos fermentativos e variedades geneticamente modificadas de microrganismos.

Recentemente, a empresa conquistou o Prêmio Brasil Bioeconomia 2019 na categoria Start-ups & Scale-ups oferecido pela Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI).

O escopo do projeto, gerido pelo Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), que também é parte da estrutura do CPNEM, prevê a utilização das instalações de Bioprocessos e da Planta Piloto.

Nestes locais, os processos fermentativos serão escalonados, gerando dados para alimentar o algoritmo desenvolvido pela GlobalYeast e incorporado na solução BioCalÒ.

O BioCalÒ, por sua vez, funciona de forma semelhante aos aplicativos de tráfego de veículos: a ferramenta monitora os processos fermentativos em tempo real e antecipa problemas na rota fermentativa, sendo capaz de tomar decisões para corrigir desvios durante a fermentação.

Etanol extra

A adoção de aprendizagem de máquina na indústria de bioetanol tem potencial de aumentar de 1% a 3% a performance de um setor que já produz 31,6 bilhões de litros. Ou seja, pelo menos 1 bilhão de litros a mais por ano.

O sistema de fermentação inteligente BioCal, que está sendo aperfeiçoado em parceria com o CNPEM, é um exemplo concreto do conjunto de soluções baseadas em aprendizagem de máquina.

Para Juliana Teodoro, pesquisadora do LNBR que coordena o projeto, a parceria possibilita “colocar o laboratório na fronteira do que existe para a fermentação de primeira geração, tanto em termos de leveduras mais eficientes, como também no âmbito de processos que utilizam o machine learning em processos industriais”.

De acordo com Marcelo Amaral, CEO da GlobalYeast no Brasil, a cooperação com o CNPEM é estratégica pois permite gerar informações complexas que vão alimentar o modelo da empresa, aperfeiçoando o modelo.

“Trazer soluções para uma indústria bem consolidada é um enorme desafio, por isso o desenvolvimento do sistema em conjunto com o Centro é importante. Temos elementos que sugerem ser possível melhorar o desempenho da indústria”, afirma.

Startups no CNPEM

Não é a primeira vez que o CNPEM acredita em ideias inovadoras. Em 2018, dois processos enzimáticos para o melhoramento de processos cervejeiros foram licenciados pela startup TecBeer. A empresa, com sede em Campinas (SP), tem planos de comercializar os produtos a partir de 2020.

O complexo de laboratórios de última tecnologia para pesquisa de materiais e energia conta com o Sirius (segundo no mundo com tecnologia de aceleração de elétrons para este tipo de pesquisa), o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), único da América Latina, e o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).

AUTOR:

Daniel Azevedo Duarte

Daniel Azevedo Duarte é editor-chefe do AgEvolution do Canal Rural, Mestre em Jornalismo (UCM/USP), MBA em Agro (FGV) e entusiasta da inovação no agro. Também é professor em Comunicação no Agro na PUC de Campinas e correspondente de publicações internacionais sobre o setor.

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