Campo Conectado
Claro e John Deere entregarão conectividade rural a R$ 20 por hectare
Campo Conectado visa cobrir 15 milhões de ha em áreas rurais para viabilizar “Agro 5.0” no país
Por Fábio Santos e Daniel Azevedo
A Claro e a John Deere anunciam colaboração para levar efetivamente a agricultura 5.0 ao campo brasileiro, a partir de modelo inédito no qual o produtor não precisa fazer investimentos próprios em infraestrutura de telecomunicações. Estes investimentos serão feitos pela Claro, por meio da instalação de novas antenas em áreas rurais brasileiras.

Internet rápida permite decisões em tempo real a cerca de 40 mil maquinários da John Deere no Brasil. (Foto – John Deere)
Esta solução, chamada Campo Conectado, permite a geração, o cruzamento e o tratamento de dados por meio de análise em tempo real (analytics), autoaprendizado das máquinas (machine learning) e da inteligência artificial para a tomada de decisões em tempo real.
Com a cobertura no campo, as operações ficam mais inteligentes, aumentando a eficiência, melhorando a competitividade e a sustentabilidade da produção, além de abrir portas para outros usos, como telemedicina e educação à distância.
“As torres, estações, conexões são investimentos que Claro já tem aprovado e esperam apenas que digamos onde serão colocadas. Os agricultores que querem ter a conectividade poderão acessar por um custo de R$ 20 por hectare a cada ano, como se fosse uma assinatura. A partir daí, ele pode se conectar quantas máquinas quiser, basta que as máquinas tenham o modem, como as que forma produzidas pela John Deere a partir de 2015, mas mesmo as que não têm, já estamos preparando um kit conectividade para a instalação”, disse Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil.
Herrmann classificou a iniciativa como um divisor de águas para agricultura conectada brasileira, fundamental para o aumento de produtividade e competitividade do agro nacional.
“A conectividade é um dos principais desafios no interior do Brasil e nós estamos assumindo o compromisso de impulsionar a cobertura do sinal no campo, o que significa um aumento de alcance para mais 15 milhões de hectares produtivos em áreas rurais”, diz José Felix, presidente da Claro. Hoje em dia, a operadora já tem mais de 85 milhões de hectares cobertos no território nacional.
Os concessionários John Deere de todo o Brasil vão receber a demanda para acionar a Claro e estabelecer os pontos que são economicamente viáveis para a instalação de antenas e pontos de conexão.
“Entramos em uma nova etapa dessa revolução. É a etapa da transformação digital que deve promover o crescimento sustentável e exponencial da atividade, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento do Brasil. A Claro Smart Agro fez com que a Claro virasse um agente relevante para a transformação digital no campo. Com o Campo Conectado, o produtor poderá solicitar a instalação de estrutura de internet sem investimento inicial, contratando apenas o serviço de hectare conectado”, explicou Felix.
Estrutura
A Claro conta com uma robusta estrutura para ampliar a cobertura em até 15 milhões de hectares com o Campo Conectado, além dos 85 milhões de hectares já cobertos. O número será possível graças às instalações existentes previamente e investimentos vultuosos da companhia nos últimos anos.
“A Claro vem investindo pesadamente para ampliar a infraestrutura e garantir a viabilidade técnica de conectividade de alta capacidade nas áreas rurais e no Brasil como um todo. Nos últimos três anos, foram investidos R$ 25 bilhões para novas estruturas em todas as regiões do país”, comentou Eduardo Polidoro, diretor de IoT da Claro.
Entre elas, a operadora dispõe de 233 mil km de cabos de fibra ótica – que seriam suficientes para das cinco voltas no planeta, 18 mil km de cabos submarinos, 16,6 mil instalações (antenas), cinco data centers no Brasil e cinco satélites que seriam capazes de levar sinal a qualquer ponto do país.
“No caso dos satélites, por exemplo, somos capazes de levar sinal nos mais isolados rincões do país, mesmo no interior da floresta amazônica”, exemplificou.
No caso do programa Campo Conectado, uma das tecnologias a ser usada é a chamada CAT-M, que funciona como uma ampliação do sinal a partir das milhares de torres já disponibilizadas pela Claro. A tecnologia opera com 1 Mbps e tem o dobro de alcance justamente para aumentar a cobertura no campo.
Em outras palavras, o sinal expande o 4G e tem base sobre a rede LTE para permitir transmissão do sinal por antena. O modelo também abre possibilidade para a tecnologia NB-IoT, dedicada à internet das coisas nas propriedades.
Ou seja, no campo, permitirá alto desempenho para utilização de sensores em geral, telemetria de maquinários, piloto automático, maquinário autônomo, IoT (comunicação máquina-máquina) e outros recursos da agricultura 4.0. Até mesmo mensagens de voz, mais “pesadas”, são compatíveis.
Além disso, a conexão também tem baixo custo e pouco consumo de energia, que também são relevantes para as atividades rurais. Inclusive, a Claro também dispõe de uma miniestação meteorológica remota com uso da mesma tecnologia de conectividade.
Internet das Coisas
A Claro informou que o serviço trará inovações para a Agricultura Digital e Silos Conectados. Nessas soluções, dados relevantes como umidade do solo e do ar, temperatura, índices de NDVI (Normalized Difference Vegetation Index – que fornecem informações sobre a saúde da vegetação, evapotranspiração das plantas) e informações meteorológicas são coletados por meio de sensores conectados à rede celular.
Esses dados são tratados com o uso de análise de dados e fornecem informações importantes para o gerenciamento das atividades agrícolas, possibilitando o diagnóstico para medidas corretas sobre irrigação, pulverização e até para controle e manutenção da qualidade do grão armazenado.
“O Campo Conectado tem um padrão de conectividade desenvolvido para permitir maior expansão de sinal por antena. Os dados trafegam de forma otimizada, possibilitando o amplo alcance de sinal, com maior largura de banda, menor latência (tempo necessário para que um pacote de dados passe de um ponto para o outro) e economia de energia”, disse comunicado da empresa enviado para jornalistas.
Com o Campo Conectado e o gerenciamento das propriedades em tempo real, são previstos menores gastos em sementes, utilização mais racional de fertilizantes e defensivos agrícolas, diminuição de uso de combustível fóssil, redução de perdas agrícolas e aumento da rastreabilidade na cadeia alimentar.
“A tecnologia 4.0 é gestão dos dados e coleta das informações, já a tecnologia 5.0 é a que utiliza a informação em tempo real. Por exemplo, um plantio onde deveria ter 5 sementes por metro, mas está plantando apenas 4. Na tecnologia 4.0 a gente saberia que ocorreu, mas depois do plantio, no entanto, na 5.o é possível corrigir essa informação e aumentar a produtividade, melhorando o uso de insumos”, disse o diretor de vendas da John Deere, Rodrigo Bonato.
A operacionalização e aplicação dos serviços será feito pela Rede de Concessionários John Deere em colaboração com a empresa SOL Intermediação de Negócios e Gestão de Ativos.
“Nosso papel é apoiar a Rede de Concessionários John Deere no entendimento das necessidades dos clientes e apresentar a eles as soluções mais adequadas dentro do portfólio de conectividade oferecido pela Claro, a fim de melhorar a produtividade”, destaca Rodrigo Oliveira, CEO da Sol.
Segundo as empresas, a partir de 5 de janeiro os representantes das concessionárias John Deere estarão aptos a orientar e solicitar o serviço de conectividade para qualquer parte do Brasil. E, apesar da parceria, a internet disponível poderá ser utilizada em qualquer máquina que tenha tecnologia embarcada.
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