Chocante: pesquisa usa bambu como “fio elétrico”

CNPEM e PUC-Rio superaram desafio de criar microcanais condutores na planta para dispositivos eletrônicos

Por Daniel Azevedo Duarte
pesquisador laboratório

Cientistas Mathias Strauss e Murilo Santhiago testam bambu em circuito eletrônico (Foto - CNPEM)

Os produtores de bambu devem ficar atentos pois seu produto, pelo menos tecnologicamente, já pode substituir metais em microcircuitos capazes de acender luzes, atuar como sensores e aquecer água.

Microcanal da espessura de um fio de cabelo foi revestido com tinta de alta condutividade sem ficar obstruído (Foto – CNPEM)

Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e a PUC-Rio adicionaram esta nova propriedade à planta com o revestimento de seus microcanais com uma tinta metálica de alta condutividade.

Assim, além da sua conhecida resistência, a condutividade do vegetal trouxe uma nova função a ser explorada em circuitos eletrônicos tridimensionais, aquecedores microfluídicos e sensores integrados em casas inteligentes e sustentáveis.

As vantagens são muitas, desde o custo e acesso restrito a metais atualmente utilizados até a sustentabilidade e disponibilidade da planta em países tropicais como o Brasil.

Desafio tecnológico

A solução foi alcançada pelos pesquisadores Mathias Strauss e Murilo Santhiago do CNPEM e Omar Ginoble Pandoli da PUC-Rio, com financiamento do Instituto Serrapilheira, e acaba de ser publicada no renomado Journal of Materials Chemistry A, da Royal Society of Chemistry (RSC (RSC, https://doi.org/10.1039/C9TA13069A).

Com o uso de sofisticados equipamentos de microscopia eletrônica do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), os cientistas observaram que o bambu apresenta de 40 a 60 microcanais, com espessura de um fio de cabelo e perfeitamente alinhados, por centímetro.

O passo seguinte foi revestir-los internamente com uma tinta metálica de alta condutividade sem causar obstrução. Como resultado, os microcanais passaram a conduzir com eficiência a eletricidade e mantiveram “dutos” ocos e abertos para fluidez de líquidos.

Vantagens

Uma vantagem importante do uso do bambu é a escalabilidade na produção de produtos tecnológicos e sustentáveis. O bambu se desenvolve com muita rapidez e facilidade nos países tropicais e, por isto, a maioria das economias em desenvolvimento pode explorar a nova tecnologia nas áreas energia, materiais inteligentes e educação com vantagem competitiva.

Além disso, o “bambutrônico” também é uma alternativa à enorme dificuldade e custo de se usar meios convencionais da indústria para fabricar microestruturas de dimensão micrométrica.

A metodologia de fabricação e os dispositivos derivados dessa tecnologia foram patenteados com recurso da FAPERJ e do Instituto Serrapilheira, com intermediação da Agência de Inovação da PUC-RIO e da área de inovação da Unidade Embrapii Biomassa, do CNPEM. (com infos da assessoria de imprensa)

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