Inovação
Chip triplica produtividade de tambaquis ao evitar “incesto”
TambaPlus da Embrapa evita parentesco entre matrizes e reprodutores para permitir alta produtividade do peixe
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) criou um chip que triplica a produtividade dos tambaquis em tanques aerados ao evitar a consanguinidade entre reprodutores.
Batizado TambaPlus, o dispositivo testa o não-parentesco entre matrizes e reprodutores e garante alta produção de alevinos de qualidade. O tambaqui é um dos peixes nativos mais apreciados pelos brasileiros, especialmente os da região Norte.
O uso da tecnologia permitiu produzir até 18 t/ha/ano, resultado três vezes superior à média dos sistemas então utilizados durante todo o ano, além de otimizar a mão de obra, custos, impactos ambientais e de sanidade.
A Embrapa já realizou serviços de análise para criatórios de Mato Grosso, Roraima, Tocantins, Amazonas e Rondônia, levando alguns produtores a entregar uma média de 10 milhões de alevinos de tambaqui por ano para Rondônia, Acre, Mato Grosso e, até mesmo, para a Bolívia.
O Tambaplus resolve um dos principais problemas nesta cultura que é o desempenho limitado das matrizes na oferta de alevinos, em função da consanguineidade, responsável por perdas de 10% e 30% na sua produção.
Com o sequenciamento do genoma do tambaqui pela Embrapa, em 2017, foram criados dois chips de DNA de tambaqui integrados na ferramenta que certificam o genoma das matrizes do peixe.
O teste garante o não-parentesco entre matrizes e reprodutores e a pureza dos machos, o que permite a produção de alevinos de qualidade, fator importante para o desenvolvimento da produção em cativeiro do tambaqui no país.
Os testes para pureza-específica e para parentesco são ofertados pela Embrapa, a R$ 60 cada teste. Considerando 100 matrizes, por exemplo, o custo seria de R$ 12 mil e geraria uma receita adicional de até R$ 112,5 mil durante três anos de vida de cada matriz de qualidade.
Sequenciamento genético
O sequenciamento genético dos tambaquis, assim como de qualquer outro animal, identifica milhões de marcadores genômicos denominados SNPs (do inglês, “Single Nucleotide Polymorphism”).

Após sequenciamento genético, foram criados dois chips de DNA de tambaqui integrados. (Photo – Christofoletti, Jefferson)
Assim, estes marcadores permitem o melhoramento animal pois permitem a identificação e a seleção de indivíduos superiores, bem como evitar o acasalamento entre parentes próximos (irmãos, por exemplo), que geram perdas com malformações e doenças genéticas.
Segundo Alexandre Caetano, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a ferramenta desenvolvida para a certificação de pureza específica do tambaqui é capaz de identificar inclusive “contaminações’ com outras espécies.
“As introgressões, isto é, contaminações por até 3% do genoma de pacu ou carabina, que são utilizadas frequentemente na produção de híbridos destinados à engorda e consumo. A ferramenta auxiliará os produtores a manterem linhagens de reprodutores puros”, comenta o pesquisador.
Produtor de Rondônia
O produtor Jenner Bezerra de Menezes, responsável por uma produção média de 10 milhões de alevinos/ano em duas bases de criação localizadas em Rondônia, é um dos pioneiros no uso da ferramenta. Ele, que comercializa alevinos para o Estado, Acre, Mato Grosso e também exporta para a Bolívia, está otimista com as possibilidades que a TambaPlus proporciona.
Segundo ele a expectativa é de ter animais que crescem mais, justamente porque não terão os problemas da consanguinidade. “Esperamos melhorar o plantel reprodutor e fazer intercâmbio com produtores que usam a ferramenta e assim melhorar a genética do tambaqui no Brasil”, comenta Menezes.
Assine nossa Newsletter
Cadastra-se no Ag Evolution e conheças as principais empresas de tecnologia do mundo Agro