Câmara Agro 4.0 busca mais inovação e conectividade para o setor

A Câmara do Agro 4.0 mobilizou, ontem, durante a 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, lideranças do Governo Federal e representantes da agropecuária nacional para fomentar a inovação digital no setor. O fórum foi criado em agosto por meio de um acordo de cooperação técnica entre os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Na abertura da reunião, o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, destacou que a agricultura digital representa uma mudança de paradigma na agropecuária e que a Câmara do Agro 4.0 é fundamental para revolucionar a forma de produzir no país.

“Essa reunião é o início de uma longa jornada. Hoje, o Brasil é um dos principais players internacionais na produção de alimentos do mundo, graças basicamente à tecnologia e inovação. Temos sol, terra, área e, especialmente, tecnologia. Agora, precisamos dar o passo além, porque o mundo está mudando”, declarou Camargo.

O evento contou, também, com a apresentação do coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira, sobre as iniciativas desenvolvidas pela entidade representativa dos produtores no campo da inovação. O papel da Rede Nacional de Inovação para o Agronegócio (AgroUp), do qual o AgEvolution é parceiro, foi um dos destaques.

Matheus Ferreira, coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, destacou papel estratégico da entidade

“O Sistema CNA/Senar possui participação estratégica na câmara porque recebe constantemente as demandas dos produtores e desenvolve projetos e soluções inovadoras para o agro”, disse.

Segundo ele, a AgroUp, desenvolvida pelo Sistema CNA/Senar, vai ser a responsável por levar as demandas do agro para a câmara técnica. “O AgroUp irá subsidiar as políticas da Câmara Técnica, uma vez que mapeia problemas e oportunidades com o produtor, e aproxima-os da comunidade de inovação. Vamos continuar participando dos debates e colaborando com a câmara e as políticas públicas”, afirmou.

A câmara possui quatro grupos técnicos: desenvolvimento, tecnologia e inovação; cadeias produtivas e desenvolvimento de fornecedores; conectividade no campo e desenvolvimento profissional.

O secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, Paulo César Rezende de Carvalho Alvim, destacou que é preciso potencializar o uso da internet no campo e que o agro é um dos setores estratégicos apontados pelo Plano Nacional de Internet das Coisas (IOT) para receber investimentos em tecnologia de informação.

“Nós do MCTIC somos coadjuvantes, parceiros e apoiadores deste processo, mas precisamos acelerar. A ministra Tereza Cristina tem cobrado que as ações do agro 4.0 cheguem no produtor rural, no setor produtivo. A nossa ideia é que a gente já entregue resultados este ano para a agricultura 4.0 de forma muito efetiva”, comentou Alvim.

Conectividade ou isolamento

Na parte da tarde, a reunião da câmara técnica continuou na sede do Sistema CNA. O vice-presidente da Confederação, Mário Borba, abriu os trabalhos e reforçou a importância de se discutir o tema para o setor.

“O Brasil lidera as exportações do agronegócio e existem ainda muitos produtores rurais isolados país afora. É um tema importante para todos os segmentos do agro e, por isso, precisamos ocupar esse espaço”, alertou.

Segundo o estudo da Esalq, praticamente 5% da área agricultável do país está conectada à internet. O Brasil tem cerca de 97 mil torres de conectividade e a demanda para ampliar o acesso à internet 3G e 4G para 90% da área agricultável do país é por pelo menos 5.600 novas antenas.

O investimento previsto para instalação de 25% das torres necessárias é de R$ 6 bilhões. O ganho estimado anual seria de R$ 60 bilhões com apenas um quarto de infraestrutura necessária para expansão de área com sinal de internet.

Também houve discussões dos quatro grupos de trabalho e apresentação sobre conectividade, com o coronel do Exército, Carlos Marsiglia, consultor do Instituto CNA.