Agtechs
Agtechs surfam na digitalização acelerada pela Covid-19
Startups multiplicam resultados positivos do agro brasileiro e até ampliam presença internacional
Agtechs com atuação no Brasil tiveram crescimento vertiginoso de 83%, 140% e até 173% em seus resultados durante o período de pandemia do novo coronavírus, que virou o mundo de cabeça para baixo em 2020.
O agro brasileiro foi o único macro setor da economia nacional com crescimento tanto no primeiro como no segundo trimestres. Enquanto o PIB total do país despencou 9,7% entre abril e junho, auge do impacto econômico da pandemia até agora, a agropecuária cresceu 0,4%.
E as startups dedicadas à inovação no setor, por sua vez, multiplicaram diversas vezes este resultado positivo, surfando a onda de digitalização acelerada do setor. Pelo menos três delas exemplificam esta tendência apontada por especialistas entre agtechs de diferentes especialidades ou áreas de atuação.
E-commerce
A plataforma de e-commerce Agrofy, de origem argentina mas com grande parte de suas operações no Brasil, registrou aumento de 173% na busca por produtos e serviços durante uma “feira online” realizada no mês de junho. As máquinas agrícolas representaram a categoria mais buscada.
A plataforma alcançou quase 3,5 milhões de acessos na América Latina. No Brasil, o estados mais “conectados” foram São Paulo com 25%; seguido por Paraná e Minas Gerais, ambos com 14%; Rio Grande do Sul teve 12% e Santa Catarina, 6%.
“Mesmo com a pandemia, o agronegócio manteve-se forte e atuante em diversas frentes. Além disso, percebemos a preocupação com a continuidade operacional de seus negócios, já que os produtores eram em sua grande maioria novos usuários”, comenta Rafael Sant’Anna, Business Manager da Agrofy Brasil.
Gestão digital
Mas os resultados empolgantes não ocorreram apenas em compras online, mas também na demanda por soluções Agro 4.0 para atividades ligadas à produção, dentro das fazendas.
O FarmBox, com soluções digitais para gestão administrativa e agronômica das fazendas, aumentou em 140% o número de clientes e 82% em número de hectares pagantes em relação a junho do ano passado. Além disso, a empresa contratou 14 funcionários para atender a maior demanda.
A ferramenta já monitora 1,6 milhão de hectares no Brasil, Bolívia e Paraguai para levar à palma da mão informações das atividades agrícolas sobre plantio, colheita, clima, aplicação de defensivos e fertilizantes e estoque de insumos em tempo real.
“Antes de iniciar um cliente novo, fazemos o mapeamento da propriedade in loco e traçamos o planejamento e a estratégia junto com o gestor da propriedade. Com esses dados no sistema, damos início à operação totalmente customizada para aquele cliente”, explica o CEO da Checkplant, André Guerreiro Cantarelli.
Monitoramento
Já a Solinftec, focada em sensoriamento de sistemas de produção principalmente no setor sucroenergético, teve adesão de 83% da base de clientes em sua campanha “Vamos Juntos” lançada em abril. No total, a empresa ampliou o número de produtores ativos em 30% e espera dobrar até o final deste ano.
A agtech já tem 36 mil equipamentos agrícolas monitorados online e 150 mil usuários interagindo diariamente para monitorar 9 milhões de hectares na América Latina, incluindo Brasil, e EUA.
Apesar de monitorar mais de 80% das lavouras de cana-de-açúcar do país, a empresa também atua em grãos e fibra (milho, trigo, soja e algodão), cítricos (café e laranja) e eucalipto.
AUTOR:
Daniel Azevedo Duarte
Daniel Azevedo Duarte é editor-chefe do AgEvolution do Canal Rural, Mestre em Jornalismo (UCM/USP), MBA em Agro (FGV) e entusiasta da inovação no agro. Também é professor em Comunicação no Agro na PUC de Campinas e correspondente de publicações internacionais sobre o setor.
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