Agtechs latino-americanas rumam a novo recorde de aportes em 2020

O ano de 2019 foi decisivo para a tecnologia agroalimentar da América Latina com um crescimento de 31% no valor dos aportes em agfoodtechs e 2020 aponta para novos recordes, apesar – ou talvez devido – à pandemia global, segundo análise publicada pela AgFunders na semana passada.

O material assinado por Sofia Ramirez, destaca que o Rappi, startup colombiana de entrega sob demanda, respondeu por uma parte significativa do total de US$ 1,4 bilhão arrecadado pelas startups de delivery em 2019 com sua Série E. recorde de US $ 1 bilhão.

Contudo, um crescimento de 40% em relação a 2018 no número de negócios individuais destaca o crescimento da atividade com muito espaço para crescer a montante e a jusante. Nesta semana, inclusive, o evento World Agri-tech debate a inovação no agro da América do Sul.

A inovação agroalimentar da América Latina ainda está longe de seu potencial, apesar de sua posição de liderança na indústria global de agroalimentares em geral.

Do lado agrícola, a região é a maior renda líquida de exportação agrícola do mundo e alguns de seus países são grandes exportadores de dezenas de produtos como soja, suínos, carne bovina, milho, aves, ração animal, açúcar, café e frutas e legumes.

A América do Sul também possui quase um terço da terra arável e da água doce do mundo e aumentou a produtividade agrícola mais rapidamente do que qualquer outra região em desenvolvimento.

Do lado do consumidor, as vendas de entregas de serviços de alimentação na América Latina quase quadruplicaram nos últimos cinco anos, tornando-se a segunda região de crescimento mais rápido do mundo, depois da Ásia-Pacífico.

Dentro e fora das fazendas

A pandemia de Covid-19 está, sem dúvida, impactando essa história de crescimento, e não necessariamente negativamente. Na verdade, está acelerando as tendências de digitalização e desintermediação, tanto dentro como depois das fazendas.

Para alguns pioneiros em categorias impactadas positivamente pelo distanciamento social, como o delivery, a Covid-19 está levando a um crescimento significativo.

Outra área central de inovação na América Latina é a agricultura de precisão. Esta categoria do Agro 4.0 lidera o quadro de atividades regionais, mas as startups ainda lutam por financiamento devido ao grande número de participantes locais e à falta geral de tração na fazenda.

Existem algumas agtechs importantes e promissoras nesta área, como a Leaf Agriculture, com sua abordagem de integração de API e a brasileira Solinftec, a plataforma digital que visa aumentar a eficiência de máquinas nas fazendas.

Esta última, inclusive, captou US$ 60 milhões no início de 2020 e quase superou o total do ano passado em aporte para a categoria de na região. Foi o maior financiamento para uma agtech na América Latina, apenas algumas depois da argentina Agrofy, receber US$ 23 milhões para seu marketplace.

Veja a análise completa por aqui.

Destaques 2019 – 2020:

• 2019, um ano recorde para investimentos em venture capital (em dólar), com um crescimento de 31% em relação ao ano anterior.
• 2019, um ano recorde em número de aportes para novos negócios, sendo o ano mais ativo da década.
• A agricultura de precisão obteve o maior número de negócios, enquanto a comércio e varejo foi a categoria mais bem financiada em 2019.
• Alimentos inovadores cresceram mais em 2019, seguidos por inovações dentro da fazenda.
• Sinais iniciais do surgimento de agricultura vertical, agricultura celular e startups mexicanas.
• Agrofy e Solinftec levantaram os maiores negócios de agtech já registrados para a região da América Latina.