Ir para o conteúdo

Manipulação climática

China visa levar chuva artificial a 550 milhões de hectares até 2025

Plano de “manipulação climática” quer multiplicar agricultura do país, maior importador do Brasil

A China visa levar chuva e neve artificiais a 5,5 milhões de km² (equivalente a dois terços do Brasil) até 2025. Anunciada no final de 2020, a ampliação drástica do plano chinês de “manipulação climática” tem como objetivo favorecer a agricultura no país que, hoje, é o principal importador do Brasil.

Disparo de foguetes para semear nuvens e fazer chover em Huangpi, China, em 10 de maio de 2011. (foto – getty images)

De acordo com uma declaração do Conselho de Estado, a China terá um “sistema de modificação do clima desenvolvido” até 2025, graças aos avanços em pesquisas fundamentais e tecnologias-chave, bem como melhorias na “prevenção abrangente contra riscos”.

Nos próximos cinco anos, a área total coberta por chuva artificial ou neve chegará a 5,5 milhões de km², enquanto mais de 580.000 km2 serão cobertos por tecnologias de supressão de granizo.

O comunicado acrescentou que o programa ajudará no socorro a desastres, produção agrícola, respostas emergenciais a incêndios em florestas e pastagens e no enfrentamento de altas temperaturas ou secas.

No caso da agricultura, o projeto tem potencial de, inclusive, transformar áreas não agricultáveis em lavouras produtivas para atender o mercado interno chinês. O país é, atualmente, o maior importador global de diversos itens agrícolas, como soja, carnes e outros.

A China utiliza técnicas de controle do clima há bastante tempo para proteger áreas agrícolas e garantir céu limpo para eventos importantes. Por exemplo, o país “semeou nuvens” antes das Olimpíadas de Pequim de 2008 para reduzir a poluição e evitar a chuva antes da competição.

Plano visa multiplicar produção agrícola na China, um dos maiores importadores do mundo. (foto – getty images)

Como conceito, a semeadura de nuvens existe há décadas. Ele age injetando pequenas quantidades de iodeto de prata em nuvens com muita umidade. A água então se condensa em torno das novas partículas, tornando-se mais pesadas até a precipitação.

Entre 2012 e 2017, a China gastou mais de US$ 1,34 bilhão em vários programas de modificação do clima. No ano passado, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, a modificação do clima ajudou a reduzir 70% dos danos causados ​​pelo granizo na região oeste da China de Xinjiang, uma importante área agrícola.

Roubo de chuva

O entusiasmo da China pela tecnologia gera preocupação, especialmente na vizinha Índia, onde a agricultura é fortemente dependente da monção, a estação de chuvas.

Embora o foco principal do plano de Pequim para modificação do clima pareça ser doméstico, os especialistas alertaram que há potencial de impacto além das fronteiras do país.

Em um artigo publicado no ano passado, pesquisadores da National Taiwan University disseram que “a falta de coordenação adequada da atividade de modificação do clima poderia levar a acusações de ‘roubo de chuva’ entre regiões vizinhas”, tanto na China quanto em outros países. (com informações de Conselho de Estado da China no Reino Unido)

Assine nossa Newsletter

Cadastra-se no Ag Evolution e conheças as principais empresas de tecnologia do mundo Agro