Conhecimento
Pensando a Inovação: “Quem manda no século do conhecimento?”
Consultor internacional argumenta que "dom de aglutinar pessoas" vai determinar as regras história
Por Francisco Vila*
Com o acesso à internet entramos no século do conhecimento. Universalidade e instantaneidade mudaram oportunidades, percepções e hábitos. Tudo ficou mais fluído. Elogiamos a disrupção, porém, sofremos com a confusão.
Assim não é de estranhar que jovens, na procura do seu caminho profissional, se juntam a filósofos e sociólogos na pergunta “Quem vai mandar no futuro?”. Pois, quem manda ganha, seja em termos materiais, de prestígio ou de poder. Com a velocidade das transformações esse questionamento nunca foi tão relevante e urgente como hoje.
Na linha do tempo observamos a seguinte sequência de elites (pois são elas que mandam!). Tudo começou com os guerreiros que conquistaram o domínio das terras. Depois, na próxima fase, a aristocracia ocupou esse espaço seguida pela combinação do capitalismo industrial e da burguesia, já no formato da democracia ocidental. E, neste momento, parecem ser os donos do mercado financeiro que definem o cenário.
Todavia, está surgindo uma nova ‘casta’ composta pelos detentores do conhecimento. Ela se divide em dois grupos distintos, mas interdependentes. Trata-se dos Especialistas que ‘usam’ a inteligência artificial para procurar novos conceitos para tornar mais confortável a nossa vida e, em paralelo, temos os Generalistas que ‘orientam’ a inteligência artificial e que definem as novas regras da nossa convivência.
Quem domina o conhecimento técnico-científico ganha altos salários e lucra com a venda da sua patente ou, se tiver sorte, encontra um investidor para sua startup. Porém, serão os generalistas-gestores que possuem o dom de aglutinar conhecimento e pessoas. Serão eles os ganhadores de prestígio, dinheiro e poder nos próximos tempos. Pois são eles que garimpam os detentores do conhecimento científico.
Esse grupo seleto é composto pelos peritos na arte de entender a complementaridade de assuntos e pessoas. Conseguir compreender a diferença entre essas duas características contribuirá muito para evitar o fracasso frequente de iniciativas inovadores de especialistas que se aventuram em funções empreendedoras. Pois a realidade internacional mostra que 90% das startups fecham ou navegam sem lucro mesmo após 5 ou 10 anos de existência.
Da própria teoria de gestão sabemos que numa empresa existem elementos dinâmicos (o pessoal do departamento de desenvolvimento de produtos e a turma do marketing) e pessoas com um ritmo mais orgânico (os profissionais do departamento financeiro e os contadores).
Olhando para o longo prazo apenas negócios que conseguem equilibrar essas duas forças conseguem sobreviver décadas e até gerações. Naturalmente, sempre tem os exemplos fora da curva como Steve Jobs, Jeff Bezos ou Elon Musk da Tesla. Mas, na vida real, temos que encontrar a nossa vocação predominante para saber em que parte do jogo do poder e do dinheiro podemos jogar com a perspectiva de vencer.
No agro não faltam inovadores. O número de startups já ultrapassa 1.250 AgTechs. Assim, precisamos mais dos talentos de coordenação do que dos inventores. Pois, se faltar tecnologia, temos onde comprar, seja no Brasil ou no exterior. Difícil seria delegar a função de articular as oportunidades micro (tecnologias) com as tendências econômico-sociais da evolução qualitativa e quantitativa da produção (mercado).
Somente gerenciando de forma hábil a combinação da nossa riqueza natural com o potencial de inovação individual conquistaremos o papel de ser o maior produtor mundial de alimentos em condições pacíficas e sustentáveis. Vamos, então, identificar e apoiar os talentos que possam assegurar esse status privilegiado!
* Francisco Vila é consultor internacional
Assine nossa Newsletter
Cadastra-se no Ag Evolution e conheças as principais empresas de tecnologia do mundo Agro