Foodtech
Pensando a inovação: “Sistemas Alimentares Sustentáveis”
Para manager do Food Tech Hub, a cadeia de alimentos tem, finalmente, o consumidor no centro das transformações
Por Paulo Silveira*
Expressões como “antes da porteira”, “depois da porteira” tão utilizadas nos últimos anos para caracterizar negócios do agro assim também como “farm to fork” que dá um sentido retilíneo às cadeias de valor, ouso dizer, não se encaixam mais no modelo dos sistemas alimentares sustentáveis.
Esses sistemas alimentares sustentáveis, que tem o olhar de produzir mais alimentos nutritivos com menos danos ao meio ambiente , em todas suas formas, menos consumo de água, produção com carbono zero, energia mais limpa, processos industriais mais sustentáveis, têm desenho circular onde o consumidor está finalmente no centro dessa grande transformação.
Todos os atores estão conectados de formas múltiplas: a indústria se conecta cada vez mais diretamente com o consumidor (D2C), o consumidor com consumidor ( C2C), indústria com indústria ( B2B) ,indústria com indústria com consumidor, venture capital com startups, startups com empresas, empresas com fundos de investimentos.
No futuro empresas/corporações vão competir em ecossistemas. E na formação desses ecossistemas é importante trazer os stakeholders que agregam valor e principalmente entender seu papel.
Empresas identificam as demandas do consumidor e produzem inovação, seja interna ou aberta, que cada vez mais está consolidando com a alternativa mais rápida, eficiente e lucrativa nas grandes corporações. Tenho visto e participado de vários projetos de inovação aberta e vejo um futuro muito mais colaborativo
Academia e institutos de pesquisas tem o papel da pesquisa básica e pesquisa aplicada e conjuntamente com a iniciativa privada prover as inovações nessa cadeia. Tem o papel de formar empreendedores dentro do seu universo, que não tem sido feito com muita frequência apesar da Lei de Inovação possibilitar essa direção.
Nesse sentido urge a formação de um banco de dados integrado dos sistemas alimentares, amigável, onde todos os atores possam acessar e ter as referências do que podem ser feitos.
Estamos fazendo isso?
Nesse sentido urge a formação de um banco de dados integrado dos sistemas alimentares, amigável, onde todos os atores possam acessar e ter as referencias do que podem ser feitos.
O papel do governo nesse ecossistema é o de indutor, fomentador da inovação e isso pode ser feito através dos programas bem reconhecidos para o estágio inicial da pesquisa e inovação. Depois desse estágio inicial, é preciso saber se essa pesquisa pode ser utilizada como produto/serviços no mercado. É lá que o pesquisador /empreendedor tem que ver a viabilidade de seu projeto. Tem sido difícil cortar o cordão umbilical desse empreendedor/estatal.
Diferentemente de outras regiões no mundo onde fundos de venture capital de Food Techs estão bem desenvolvidos, no Brasil temos algumas iniciativas, mas ainda com o modelo de investimento em Agtechs. O investimento em foodtechs tem um horizonte de tempo diferente, pois uma vez definido o produto /serviços em laboratórios tem a questão da escalabilidade que muitas vezes passa por investimentos em unidades produtivas. Quem não entender isso, corre o risco de se frustrar.
E por fim e o mais importante ator desse ecossistema: as pessoas. É preciso mudar o “mind set”, desenvolver novas habilidades, empreendedorismo, capacitação digital e promover a inclusão das pessoas nessa transformação.
Como vemos, uma tarefa gigantesca, mas ao mesmo tempo motivadora por termos a oportunidade de colocar o Brasil de fato, como um grande player global nesses sistemas alimentares sustentáveis, com agregação de valor em todo esse ecossistema.
*Paulo Silveira é manager do Food Tech Hub
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